Os ingleses sao frequentemente vistos como flexiveis, praticos, e
ajustando-se com facilidade a novas situacoes e desafios. Pode ate ser verdade,
contando que esse desafio nao seja o formato do nome de uma pessoa. Ora, em
Portugal, na decada em que nasci (e na subsequente tambem), o mais comum era
brindar-se toda e qualquer crianca com 4 nomes: 2 nomes proprios e dois
apelidos (1 dado pela mae e 1 pelo pai). Nos ultimos anos, os novos rebentos
passaram (na grande maioria) a ter apenas 3 nomes a constar no CC: 1 nome
proprio e 2 apelidos. Em minha opiniao, esta foi uma alteracao vantajosa. Com
algumas excepcoes, o uso dos meus dois nomes proprios serviu apenas para os
ralhetes dados pelos meus pais. Ouvir os dois nomes em conjunto era, com toda a
certeza, sinal de que tinha feito asneira.
Sendo, porventura, estas as formas mais comuns de nomes completos, a
verdade e que em Portugal somos bastante
flexiveis. Se por um lado nao ha ca aquela coisa de criar um nome que resulte
da combinacao dos nomes dos progenitores (excepcao feita a Lucy), por outro,
conheco varias pessoas com mais do que 4 nomes. Algumas tem 5 e outras 6 ou
mais. E e aqui que a inflexibilidade inglesa entra. Eles simplesmente nao
entendem o conceito de se ter mais do que um apelido. Por esta banda,
frequentemente associada a uma emancipacao feminina mais antiga, se comparada
com o nosso pais, o que acontece e que o apelido da mae nao faz parte do nome da
crianca que acabou parir. E unicamente ao lado masculino que se da
continuidade. Nao fosse isto ja a arrastar para o chauvinismo, em Inglaterra,
as pessoas nao percebem o conceito de que ha mais formas de se construir nomes
no mundo. Deram-nos a Revolucao Industrial mas mantemos (orgulhosamente) a
estrutura de nomes que bem nos aprouver!
Tudo isto para mostrar a enorme dificuldade que tenho em fazer com que
percebam que a construcao do meu nome: tenho dois nomes proprios mas gosto de
ser chamada pelo segundo e este segundo nome continua a ser o meu nome proprio
(em Inglaterra o segundo nome e apenas e so o middle name). E mais: eu tenho
dois apelidos, 1 por cada um dos progenitores! E caso para dizer que sou,
orgulhosamente, filha da mae!
5 comentários:
Belo texto.
Compartilho-o na totalidade, até na parte em que também sou conhecido pelo meu segundo nome próprio.
Ao baptizar um filho meu, tenho apenas duas opções para que continuem a ter o formato de apelido mãe / pai: ou meto o nome da mãe da criança como "middle name" ou temos de criar a monstruosidade de ter um sobrenome criado a partir de dois sobrenomes e unidos por um hífen.
Nao fazia ideia dessa obrigacao de ter que se hifenizar o nome... Ridiculo, e a palavra que me vem a cabeca!
Talvez a solucao (se for possivel) seja registar a crianca primeiro no consulado portugues. Viva a flexibilidade inglesa!
Eu na verdade sou apologista dos 2 nomes próprios e dos 2 sobrenomes, porque se a criança não gostar de um dos nomes próprios pode sempre escolher o outro. Não gostar de nenhum dos dois já é muito azar.
E como sou filha de um pai e de uma mãe e não de uma incubadora, faz todo o sentido ter os sobrenomes de ambos os progenitores.
Eu tenho 4 nomes e dispensava bem o segundo, nem me reconheço como tal..
Pois bem, eu também tenho quatro nomes, e tem razão... Só uma pessoa me chamou pelo primeiro e segundo juntos: a minha madrinha quando ralhava comigo. Mas era dispensável. Quando tiver os meus rebentos, acho q vou preferir apenas 3 nomes. A não ser, claro, que sejam nomes tipo "Ana Filipa, Ana Beatriz, Ana qualquer coisa, ou Maria qualquer coisa".
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