* fobia s. f. Receio patológico persistente.
** Fobia (do Grego φόβος "medo"), em linguagem comum, é o temor ou aversão exagerada ante situações, objetos, animais ou lugares. Sob o ponto de vista clínico, no âmbito da psicopatologia, as fobias fazem parte do espectro das doenças de ansiedade com a característica especial de só se manifestarem em situações particulares.
Fobias. Toda a gente sabe mais ou menos o que são, poucas pessoas respeitam quem tenha alguma. A primeira definição é a designação tirada do dicionário online Priberam. A segunda, um pouco mais alargada, é retirada da Wikipédia.
Nunca me foi diagnoticada nenhuma fobia e não sei se do ponto de vista psicológico sofro de alguma. No entanto, sei que existem situações às quais fujo como o diabo foge da cruz. Se tenho medo de alturas? Sim, não gosto lá muito. Tenho medo da morte? Quem não tem? Mas aquilo que me faz experimentar uma forte angústia é enfrentar um público. Fazer apresentações para um grupo de pessoas superior a 3 elementos é uma experiência verdadeiramente extenuante. É certo que muitas pessoas não gostam. Ficam nervosas, revêem os textos que planearam vezes sem conta e ficam até com a garganta seca. Não é a isto que me refiro. Primeiro perco o sono, depois o estômago revolta-se e no momento certo, pura e simplesmente, bloqueio. Não sou capaz de articular uma palavra, começo a corar, o corpo todo a tremer. O coração dispara e a respiração fica ofegante. E quanto mais tomo consciência deste estado, mais isto aumenta. Por fim, sinto que sou capaz de rebentar em lágrimas. É um misto de frustração e de ridículo ao mesmo tempo. Estes episódios terminam com uma sensação de cansaço brutal, que mais se assemelha a um corpo dorido depois de levar uma valente tareia!
Este problema (que é de longa data), já se manifestava nos tempos da escola e, felizmente, raras vezes se revelou depois disso. No entanto, arrastada por um conjunto de circunstâncias, nos próximos meses terei mesmo de fazê-lo (várias vezes!) E nada me irrita mais do que, perante o meu pânico, ouvir os comentários do costume: «Vais ver, só custa a primeira vez. Depois passa» ou «leva um texto escrito, é uma ajuda». Enerva-me ainda mais quando dizem «isto é bom para ti. Devias aproveitar para trabalhar esse teu lado». Honestamente, este tipo de discurso só me lembra aqueles comentários ridículos e despropositados que se fazem a uma, ou às duas partes, depois do fim de um relacionamento. Aqueles que nos dizem que o tempo cura tudo (a sério? E eu a pensar que ia sofrer ad eternum!) ou que «há mais marés que marinheiros» (eu sei, mas neste momento não estou com disposição para pensar nisso, ok?). Vamos por partes:
Não custa só a primeira vez. Apresentações orais é coisa que qualquer estudante faz ao longo do seu percurso académico. Eu fiz várias. Garanto que a última custou tanto como a primeira.
Levar um texto escrito? Isso parece boa ideia mas já me pareceria boa ideia mesmo que eu não tivesse dificuldade em falar em público! Não sou assim tão estúpida a ponto de me comparar com o Steve Jobs e achar que sou uma oradora nata!
Isto é bom para mim? Ora então, porquê? Vivo há 29 anos com este problema e cá estou eu! Se ambissionasse ser professora, formadora, política, ou outra coisa qualquer que exigisse esta competência, então sim, seria bom para mim. Bom para mim é aprender a pôr as vírgulas no lugar certo (e estou sempre a errar). Bom para mim, é saber ser crítica em relação ao que os outros escrevem (continuo a aprender). É saber, de uma vez por todas, trabalhar com o Gesglob (essa pérola da informática)!
Por isso, deixem o meu pânico sozinho, já que será sozinha que terei de enfrentá-lo. E excusem-se a lembrar-me que o céu é azul. Em alguns dias, ele é pesadamente cinzento. E, na maioria das vezes, a razão não entra nesta equação!
Imagem daqui.